Nosso conhecimento atual da vida psíquica continua bastante incompleto. Apesar das contribuições decisivas da psicanálise e das neurociências, continuamos ignorando as verdadeiras causas das doenças mentais. Trabalhamos com hipóteses perfeitamente fundamentadas, sofisticamos imensamente a maneira de cuidar de nossos pacientes, e sobretudo dispomos de inúmeros remédios eficazes, mas — e isso é totalmente desconhecido do grande público — nem sempre sabemos como nasce e se desenvolve uma esquizofrenia, uma psicose maníaco-depressiva ou um delírio. Digo sem rodeios: ignoramos quais são os processos geradores da doença mental e, a "fortiori", o mecanismo de ação de nossos medicamentos. Prescrevemos neurolépticos cada vez mais eficazes, capazes de reduzir um delírio ou livrar o esquizofrênico de uma alucinação insuportável, e no entanto não sabemos por quais encadeamentos neuroquímicos tal molécula consegue fazer desaparecer tal sintoma. Além disso, não esqueçamos que no momento em que falo com você não existe nenhum psicotrópico que cure verdadeiramente. Todos os nossos medicamentos têm uma ação paliativa, jamais uma ação terapêutica. Podem suprimir o sintoma, mas não suprimirão sua causa.
Allan Álvaro Júnior Santos tagliari
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