Situações embaraçosas, escolhas de caminhos tortuosos, pensamentos repetitivos, sofrimentos que poderiam ser evitados... Quem é o causador? (leia-se causa-dor). O porquê disso tudo? É o destino? É carma? É azar?
Porque mesmo querendo fazer diferente algumas pessoas não conseguem? Porquê não conseguem ser senhores de suas escolhas?
Alguns buscam a resposta na ciência, na religião, no cosmo ou nas estrelas. Outros, inconformados e cansados de tanto sofrer munem-se de coragem (pois é preciso ter coragem para enfrentar os próprios fantasmas) e encaram uma análise. Chegam um pouco desacreditados em relação ao que vão encontrar. Perguntam se é melhor tomarem remédios... pois o problema pode ser um hormônio enlouquecido ou uma doença genética.
Mas essa não é uma tarefa simples, pois existe todo um percurso a seguir e, geralmente, o sujeito que sofre acredita que “é mais fácil procurar culpados”. E o culpado primeiramente é sempre o outro: o pai, a mãe, o chefe, o namorado, a namorada, o gene ou uma molécula.
Um outro fala além de mim?“Não sou dono de todas as minhas vontades?”, perguntam-se. Somente depois é que descobrem que esse outro que governa seus pensamentos, suas fantasias, seu Eu, sua vida, é um outro dele mesmo, é um outro que “habita” dentro dele a ponto de fazê-lo tomar essa ou aquela atitude. Custam a acreditar que essa força que é maior que sua vontade e que os impulsionam a sofrer e a repetir situações, provém deles mesmos e não do destino, e quando finalmente não conseguem mais negar, começam a se responsabilizar pelo que fazem. Quando isso acontece, surpreendem-se e até se divertem com as descobertas.
Esse outro responde pelo nome de Inconsciente. Inconsciente esse, que Sigmund Freud descobriu nos idos de 1900 através do trabalho que empreendeu com suas pacientes histéricas, quando escutou que o sofrimento delas transcendia a seu organismo e que tinha uma força tão grande que era capaz de controlar a vontade e o corpo delas.
O inconsciente é uma instância simbólica, que é autônoma em relação ao Eu do sujeito. É algo que governa ou desgoverna a vida, é o que não descansa nunca, pois ele conta, reconta, calcula, conta a dor, a morte, a vida do sujeito. Até quando dormimos ele está de plantão, “como um capitalista que não para nunca”, segundo os ensinamentos freudianos, e que produz os mais belos sonhos e bizarros pesadelos.
Esse inconsciente, o freudiano, não é o mesmo que o contrário da consciência, é o que traz o selo das palavras escutadas na infância, dos significantes primordiais que marcaram o sujeito desde que ele nasceu. Que tem relação com sua história familiar, com os costumes e o discurso de sua família, pois assim como os traços genéticos, eles também são transmitidos através das gerações.
Allan Álvaro Júnior Santos tagliari
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